quinta-feira, 22 de setembro de 2011
sábado, 12 de março de 2011
We get on.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Havia algo de mágico em ver figuras femininas dentro de uma camisa masculina, não sei se é algo que foi colocado em minha mente por filmes americanos, mas era uma imagem bela, maravilhosa, mais ainda quando a camiseta que as vestem é sua. Ela roçava o pé dela em sua canela, as mãos apoiadas na pia, ah suas costas.. Aquela forma curvilínea, como era bela a vida humana, o amor, os sexos, as mulheres. A observava da mesa, como um aluno observa de longe sua professora. — Aceita um café? — Foram as primeiras palavras que ela trocou comigo naquela manhã. Seus cabelos castanhos já estavam presos em um rabo-de-cavalo desleixado, tinha notado sua pequena mania, prendia-os quando precisava raciocinar com exatidão. Todas as imagens, fotos, gravuras que havia dela fazendo suas criações sempre tinha seus fios castanhos presos. — Claro. — Ela me sorriu. Um sorriso espontâneo, único, que me fazia entender por que a elogiavam tanto em revistas, por que a mãe dela ao vê-la nascer pensou que ela fosse o ser mais belo na face da terra. Imaginava que naquele segundo fosse alguém fazer o café, mas, inesperadamente vi seus pés delicados moverem dentro da cozinha preparando um café para nós dois. Em poucos minutos, estavam prontos. Ela me entregou a minha xícara já preenchida com cafeína e se sentou no lado oposto da mesa, ficando em minha frente. — Obrigada. — Ouvi uma pequena risada, suas covinhas apareceram por alguns segundos. — Não há de quê. — Levantamos nossas xícaras e bebemos seus conteúdos.
O amargo prazeroso do café, o mesmo que ela teria comparado na noite passada com a de nossas vidas. Palavras não foram trocadas. Aguentei longos minutos para dizer algo. Acreditava que ela fosse falar primeiro, mas me enganei. — Algum problema? — Ela levantou seus olhos castanhos, como quem acordava e saísse do País das Maravilhas. — Não, nenhum. — Comprimi meus lábios. O orgulho era uma praga. A insegurança, uma maldição. — É por causa da noite passada? Fiz algo de errado? — Vi a se encolher atrás da xícara, como se pudesse acreditar que conseguiria se esconder atrás dela. — Não. — Curto e, provavelmente falso. A encarei. Demorou mas vi seus lábios se moverem numa respiração funda e, na volta do ar que teria entrado em seus pulmões, a verdadeira resposta. — Eu só não gosto que fiquem falando coisas, palavras enquanto estamos fazendo. — Franzi o cenho. Ela realmente estava falando aquilo? Me sentia novamente como um adolescente ofendido por ter se saído bem na cama. — Você não gosta que elogiem seu corpo? — Desta vez, vi a pele lisa de sua testa enrugar, tomou mais um gole do café e finalmente abaixou a xícara. — Aquela palavra que você usava não era um elogio, era vulgar. Me senti vulgar. — Meus ombros encolheram, não sabia que era aquele o sentimento que uma mulher carregava quando expelia aquela palavra. Meu sentimento foi de vergonha. Demorei um pouco para lhe responder. — Me desculpa.. Eu não sabia que se sentia desse jeito. — Ela depois de um tempo, me deu mais um sorriso aliviando tudo, aceitava as minhas desculpas. Encarei o pó do café no fundo por um tempo. — Mas.. Como poderia eu me expressar de jeito melhor? Dizer minha impressão? — A olhei confuso, queria agradá-la. Grandes mulheres, como aquela mereciam sim serem agradadas, isso não é coisa de fraco. A vi se levantar com o olhar fixo a mim, arrumou a cadeira, colocou a xícara na pia e ao passar do meu lado, encostou delicadamente sua mão em meu ombro. Um sorriso com ar maroto apareceu em seus lábios e no seu tom de voz. — Do melhor jeito que um escritor poderia, escrevendo.