terça-feira, 6 de março de 2012

The Kiss, pt. 2


(…) — Acho que tudo começou com a minha primeira namorada. No colegial ainda. Ela era incrívelmente atraente e nunca me contava o que sentia, achava que aquilo a tornava mais intrigante. Mas acho que errei. E vocês? Quando tiveram seu primeiro beijo? — As mãos calejadas do homem teriam parado de amassar em tentativas de modelar suas aflições no lenço utilizado antes para secar suas lágrimas. Encarava as outras almas sofredoras ali. Um círculo feito de pessoas. Frágeis. Em contradição. Magoadas. Demoraram alguns segundos para emitirem as ondas sonoras de suas vozes em resposta ao homem. Os lábios da mulher ao seu lado se moveram, possuía grandes olhos castanhos, rosto fino, lábios grossos, uma beleza única mas que ao primeiro olhar parecia oculta. Seu nome era Catarina, por ironia, seu nome não houve influência em sua personalidade, era uma jovem executiva que teria terminado o namoro de longa data com um homem que a agredia; e temia ter feito um enorme erro. Treze anos. Basilica di San Lorenzo. Eu tinha ido rezar com a minha mãe para a saúde de meu pai. Havia turistas naquele dia e.. Ele era americano. — Um sorriso maroto e a alegria fora vista pela primeira vez ser pintada em seu rosto, algumas mulheres do círculo deram uma leve risada, os homens alguns se atreveram em dar um leve sorriso. Doze anos. Estávamos no colégio, a beijei no bebedouro. — O ar ali começava a ficar mais leve, sorrisos, cores, olhares, lembranças, corações voltavam a bater por alguns segundos. Uma, duas, três, quatro pessoas teriam relatado seus primeiros beijos, era a vez de Sebastian. Era o mais novo integrante do grupo de apoio, e um dos mais jovens; a hostilidade que se tinha com o homem era grande, sempre tentava ser apaziguada, mas todos sabiam que muitos ali não apagavam a idéia de que ele estivesse ali à força. Era alto, possuía cabelo louro escuro e olhos claros, possuía uma expressão séria; raramente falava, para alguns era carregado de um ar arrogante, para outros, era o que mais precisava de ajuda ali. Todos o olharam curiosos, sorrindo, esquecendo por alguns minutos as ideologias que possuíam sobre qualquer membro ali, quando o jovem deu um leve sorriso sarcástico e se arrumando na cadeira abriu seus lábios. — Passo. — Alguns corações somente ignoraram a recusa do loiro e continuaram a palpitar com o passado colorido, outros, o sentimento de rancor teria pingado novamente os fazendo revirar os olhos prosseguindo com a pergunta para o próximo. Carnaval. Casamento da irmã. Adolescentes. Ah, os hormônios, sempre levando o ser humano à insanidade e ao encontro com um dos pecados mais famosos. Era a vez de Ann, era a mais jovem do grupo e mesmo assim, muitas vezes era a mais sábia. Vendo que era a sua vez, deu um leve sorriso corando de leve desviando o olhar do homem que alguns minutos antes teria recusado a responder a pergunta, encarou o chão ainda que com o olhar doce. Molhou os lábios. — Semana passada.

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